BERNARDO PINTOR AO ANALISAR E EXPLICAR MUITO MAL O ÂMBITO DE “OS MONTES DE LABOREIRO” E, ATÉ A FRONTEIRA SOAJO/CASTRO LABOREIRO, ENGANOU O ARQUEÓLOGO MARTINHO BAPTISTA E OUTROS AUTORES QUE NESTES ASPECTOS O REPRODUZIRAM! (I)
Em Agosto de 1965, numa visita a Paris, a pessoa que se encontra no canto inferior direito conviveu com um grupo de soajeiros, muitos dos quais emigraram, anos depois, para os USA. Infelizmente doze já não se encontram vivos. Apenas um, o Manuel Fidalgo (do Caneiro), não teve descendentes.
O prédio do Porto onde está fixada uma placa da «RUA DO SOAJO», para evocação da serra cujo nome é muito mais antigo do que a designação « ARCOS DE VALDEVEZ»!
Como o poder municipal de A. de Valdevez não quer usar o nome oficial «SERRA DE SOAJO» , parece que os SOAJEIROS que prezam o mais importante nome ligado à sua terra, irão usar como designação do concelho - «MUNICÍPIO DA PENEDA» - , por critério comparativo semelhante! Não se querem atrever a dizer «Município do Gerez», embora saibam que alguns autarcas gostam muito do slogan: «A. de Valdevez onde Portugal se fez, num lindo cenário natural do Gerez»!
Uma evocação do concelho que se iniciou nos primórdios de Portugal e, que foi conquistado por dois fidalgos arcuenses através de ofícios emitidos, fundamentalmente, em 1852, do Governo Civil de Viana do Castelo para o governo central! Mas não deixam de ser "nuestros hermanos"...
Uma vista de montanhas da Serra de Soajo tirada do castelo de Lindoso, onde os Soajeiros nas guerras da Restauração da SEGUNDA Independência de Portugal se bateram, HEROICAMENTE, com os castelhanos, não se limitando a um "meeting "[ ENCONTRO] e, a um simples "jogo de esgrima"! Houve em Lindoso, BATALHA a sério, e não a brincar, como em 1141, nas imediações de castelo de Penha Raínha que ficava na actual freguesia de Abedim/Monção, o qual ficava à vista da «Portela do Vez» (hoje, ao que parece, zona da Portela do Extremo)!
Brasão evocativo da «Montaria Real de Soajo», que não se limitava a ser uma simples ETIQUETA para efeitos turísticos como sucede com o actual PARQUE NACIONAL, porque, ao longo de séculos, cães sabujos e guardas monteiros vigiaram, protegeram e conservaram, frequentemente, matas, ou seja as florestas e a rica fauna, em significativa parte da Serra de Soajo!
Segue o texto principal:
Com omissões e análises de documentos mal apreciados e entendimentos muito subjectivos e parciais, o Padre Bernardo Pintor, natural de Castro Laboreiro, mas com mãe natural da aldeia da Peneda, freguesia da Gavieira, fez enunciações insustentáveis.
Já noutro post falei disto, mas não apresentei, detalhadamente, os argumentos de Pintor, para sustentar o seu imaginado nome «montes de Laboreiro» que disse terem mudado para "serra da Peneda", e também outros que eu apontarei para contestar esta sua arbitrariedade!
Se as suas narrativas não fossem copiadas, sobretudo por certos académicos, como se de saberes científicos se tratassem, não me daria ao trabalho de provar que, o que escreveu sobre este tema, não passam de autênticos disparates!
As verdades e as inverdades não devem merecer as mesmas aceitações! Louvemos o bem, mas censuremos o mal para procurarmos chegar à verdade!
Estas duas imaginações, não me impedem de dizer que, as gentes do nordeste, no entre Minho e Lima, muito devem ao castrejo Pe. Bernardo Pintor, pelas investigações e publicações a que procedeu, sem intuitos de obter um grau académico, um diploma profissional, ou outro interesse pessoal!
Pretendeu com as suas trabalhosas pesquisas engrandecer a região onde nasceu e onde viveu durante a maior parte da vida! Foi Pintor um beneditino, em termos de trabalho investigatório, ou, um autêntico mouro de trabalho, como é costume dizer-se, também, no Alto Minho!
O Pe. Bernardo Pintor é merecedor da gratidão dos povos da área oriental do Alto Minho por dar a conhecer aspectos relevantes da história e cultura de terras com alguma notoriedade, ainda que com algumas graves distorções fantasiosas, mas que não dispunham de outros positivos e essenciais conhecimentos em matérias fundamentais do seu passado mais ou menos longínquo!
Quis o ilustre castrejo repousar eternamente no belo lugar do seu nascimento, Ribeiro de Cima, por onde correm as águas do medievalmente denominado ribeiro dos “Braços”, honrando-o mais uma vez na derradeira caminhada terrena.
As freguesias de Castro Laboreiro, Gavieira e Riba de Mouro e, os concelhos de Melgaço, Monção e A. de Valdevez, ainda não prestaram o devido reconhecimento e gratidão ao Pe. Bernardo Pintor pela fatigante dedicação que lhes dispensou para os seus enriquecimentos, mormente, nas perspectivas patrimoniais de relevantes imaterialidades.
Não entendemos, sobretudo a razão pela qual a freguesia e vila de Castro Laboreiro, bem como a edilidade de Melgaço, ainda não incluíram o nome do Pe. Bernardo Pintor na toponímia local, à semelhança do que muito bem fizeram para perpetuar a memória do inexcedível bairrista que foi o Pe. Aníbal Rodrigues.
Seria injusto da minha parte não confessar o meu apreço pelo Reverendo Pe. Bernardo Pintor pelo que fez em termos gerais por esta região do Alto Minho, mas isto não me deve inibir de discordar, profundamente, de algumas das suas afirmações escritas que, muito favoreceram a sua terra natal, mas que se têm revelado como altamente prejudiciais para a minha pátria de nascimento.
Alguns dos seus erros, desfavoráveis e injustos para com Soajo, julgo que se devem a uma enorme paixão motivada pelo seu acendrado bairrismo a Castro Laboreiro.
Um texto da sua autoria contido em «Castro Laboreiro e seus Forais», por sua vez integrado na chamada edição intitulada «OBRA HISTÓRICA», exemplifica, infelizmente, que houve muita parcialidade a favor de Castro Laboreiro. Extraio dele o seguinte sobre Castro: «Terra fortificada, nada encontrei seguro de sua história para antes do século XII. Montes de Laboreiro era a designação de uma faixa larga de montes desde os cumes da serra da Peneda até às proximidades de Celanova em Galiza.»
O que é inteiramente verdade foi que através das suas pesquisas específicas não arranjou provas suficientemente incontestáveis de que os «Montes de Laboreiro» se estendiam até às montanhas mais eminentes da «Serra de Soajo»! Eu, não digo, “serra da Peneda”, porque esta denominação é fruto de erros e aldrabices, anteriores aos escritos de Pintor! Mas, mesmo assim, não deixou Pintor de ser parcial ao afirmar apenas este nome, pois sabia da existência de mais duas versões sobre o nome da serra! Ora, se teve consciência disto, não quis Pintor justificar o nome pelo qual optou, nem quis dizer porque desprezou as outras duas versões! Ao ter admitido, pura e simplesmente, o nome “serra da Peneda” equivaleu a negar o de «SERRA DE SOAJO» de que teve conhecimento!
Nunca optou, Pintor, por usar a versão, embora errada, «serra de Soajo também chamada Peneda», ou, a outra versão da consideração de duas serras separadas, isto é, «uma serra da Peneda e uma serra de Soajo», que embora fosse um critério de “conciliação” para superar os erros e as aldrabices, nunca daria primazia exclusiva à falsidade Peneda!
Uma só serra com um só nome atravessou os séculos de Portugal, até às aldrabices promovidas por alguns valdevezenses!
Dois nomes numa única serra para uma "conciliação" deformada provocada pelas batotices resultantes das encomendas feitas a G.Pery, em 1875, e, a P. Choffat. em 1907, por influentes valdevezenses.
Um PARQUE NACIONAL com um nome deturpado por influências de quem escreveu em 1943, «Montaria da Serra de Soajo» e, em 1994, "Montaria da serra da Peneda", não obstante ter publicado, em 1994, um livro intitulado «TERRA DE VALDEVEZ E MONTARIA DO SOAJO»! Espantoso!!!
Portanto, ao assim proceder, Pintor, não só IGNOROU o nome histórico e multissecular de SERRA DE SOAJO, mas também pela sua parte, implicitamente, o NEGOU!
É bom que se diga que, quando Pintor estudou no ensino primário e no seminário, já corria a versão de «Serra Amarela também chamada Soajo», mas quis, ao que parece, ocultar esta informação, para mais facilmente aceitarem a designação que preferiu!
Para justificar também a não generalização de «Montes de Laboreiro» ao espaço português em apreciação, começarei neste artigo a demonstrar que é inadequada esta designação porque foi sempre todo este espaço montanhoso denominado, através dos séculos, duradoura e consistentemente, por SERRA DE SOAJO.
O Pe. Bernardo Pintor na sua obra, «O recontro de Val de Vez onde foi?», apresentou uma referência de 1258, para apoiar a falsa tese de que os “Montes de Laboreiro” abrangiam também a área da freguesia de Grade, então pertencente ao Julgado de Val de Vez. Fê-lo com base no texto que diz que os moradores de Grade tinham a obrigação de «correr monte com o rei ou com o rico-homem em Laboreiro ou na Fornia a sua vez por mês».
Desta anterior exposição, concluiu Pintor, INADEQUADA ou IMPROPRIAMENTE, isto: «donde nos é lícito concluir que a denominação de Laboreiro se estendia à maior parte da serra da Peneda.»
Escreveu, Pintor, “serra da Peneda”, porque também engendrou, disparatadamente, que o nome “montes de Laboreiro” passou mais tarde, sem indicar quando, para “serra da Peneda”!
Mas prova-se com toda a segurança que, ao longo dos séculos, nem “montes de Laboreiro” deram nome geral à serra, nem se usou o de “serra da Peneda” em livros de Geografia, apenas se conhece cartografado “portela d’Olelas-Peneda”, antes do século XIX!
Pintor, nem sequer admitiu a POSSIBILIDADE de os tão dilatados montes de Laboreiro que imaginou em Portugal, passarem ao nome único de «SERRA DE SOAJO», ou, pelo menos, como nome alternativo do aldrabado nome geral “serra da Peneda”! Revelou, mais uma vez, em 1977, muita parcialidade!
Porquê que, Pintor, não situou Grade nos «montes da Fornia»?! Estes, geograficamente, situam-se no actual concelho de Paredes de Coura e, em parte, de Valença.
Usando da mesma argumentação, Pintor, deveria ter concluído também que, os «montes de Fornia» se estendiam até Grade e, portanto, também, segundo a sua imaginação, “à serra da Peneda”!
Falar de “serra da Peneda” como nome geográfico, geral e duradouro, desta importante serra de Portugal, antes das aldrabices de Pery e Choffat, é um disparate equivalente a dizer que o Brasil era um grandioso país antes do ano de 1500!
(Continua noutro post)